sexta-feira, 25 de maio de 2012

Texto 4 e 5 sociologia


TEXTO 4 – O trabalho como mercadoria: alienação
                No século XIX, o resplendor do sucesso alcançado pela Revolução Industrial não oculta a questão social. A exploração dos operários fica explícita em extensas jornadas de trabalho em péssimas instalações, salários baixos, arregimentação de crianças e mulheres como mão de obra mais barata. Esse estado de coisas desencadeou os movimentos socialistas e anarquistas.
                Nesse panorama, Karl Marx (1818-1883) retoma a temática hegeliana ao ver o trabalho como condição de liberdade. É pelo trabalho que o ser humano se confronta com as forças da natureza e, ao mesmo tempo em que a modifica, transforma a si mesmo, humaniza-se.
                No entanto, Marx nega que a nova ordem econômica do capitalismo fosse capaz de possibilitar a igualdade entre as partes, porque o trabalhador perde mais do que ganha, já que produz para outro: a posse do produto lhe escapa. Nesse caso, é ele próprio que deixa de ser o centro de si mesmo. Não escolhe o salário – embora isso lhe apareça ficticiamente como o resultado de um contrato livre -, não escolhe o horário nem o ritmo do trabalho e é comandado de fora, por forças que não mais controla.
                O resultado é a pessoa tornar-se “estranha”, “alheia” a si própria: é o fenômeno da alienação.
                Há vários sentidos para a palavra alienação. Em todos eles, há algo em comum: do ponto de vista jurídico, perde-se a posse de um bem; para a psiquiatria, o alienado mental perde a dimensão de si em relação com os outros; segundo Rousseau, o poder do povo é inalienável, porque só a ele pertence; na linguagem comum, a pessoa alienada perde a compreensão do mundo em que vive.
                Alienação na produção
                Para Marx, que analisou esse conceito básico, a alienação não é puramente teórica, porque se manifesta na vida real quando o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu. Isso ocorre porque na economia capitalista prevalece a lógica do mercado, em que tudo tem um preço, ou seja, ao vender sua força de trabalho mediante salário, o operário também se transforma em mercadoria. Ocorre então o que Marx chama de fetichismo da mercadoria e reificação do trabalhador. Vejamos o que significam esses conceitos.
·         O fetichismo é o processo pelo qual a mercadoria, um ser inanimado, adquire “vida” porque os valores de troca tornam-se superiores aos valores de uso e passam a determinar as relações humanas, ao contrário do que deveria acontecer. Desse modo, a relação entre produtores não se faz entre eles próprios, mas entre os produtos do seu trabalho. Por exemplo, não são relações entre alfaiate e carpinteiro, mas entre casaco e mesa, que são equiparados conforme uma medida comum de valor.

·         A reificação é a transformação dos seres humanos em coisas. Em consequência, a “humanização” da mercadoria leva à desumanização da pessoa, à sua coisificação, isto é, o indivíduo é transformado em mercadoria.

A alienação não se aplica apenas à produção do trabalhador, mas também às formas do consumo, como veremos mais adiante.
TEXTO 5 – A era do olhar: a disciplina
                Outros pensadores investigaram as mudanças decorrentes do capitalismo e do nascimento das fábricas, analisando-as sob outro ângulo, o da instauração da era da disciplina. Segundo Michel Foucault, um novo tipo de disciplina facilitou a dominação mediante a “docilização” do corpo.
                Para exemplificar, vamos voltar à França do século XVIII. A historiadora francesa contemporânea Michelle Perrot, relata a descrição feita por um inspetor de manufaturas de uma oficina têxtil com cerca de 100 metros de comprimento, pavimentada por lajes e iluminada por cinquenta janelas com tela branca:
                “No meio dessa sala (em) um canal coberto com lajes entreabertas cada fiandeira vai, em silêncio, tirar a água de que precisa (para a fiação). Essa oficina, à primeira vista, surpreende o visitante pela quantidade de pessoas aí empregadas, pela ordem, pela limpeza e pela extrema subordinação que aí reina... Contamos 50 rocas duplas (...) ocupadas por 100 fiandeiras e o mesmo tanto de dobradeiras, tão disciplinadas como tropas.”
                Nos trechos em itálico, a historiadora destaca a nova maneira de trabalhar, representada por dois modelos disciplinares: o religioso (o silêncio) e o militar (hierarquia, disposição em fileiras). A disciplina é mantida pelos supervisores, que avaliam a qualidade do serviço, evitam brigas e fazem cumprir os severos regulamentos por meio de proibições (não falar alto, não dizer palavrões, não cantar), regras de horários (começa a “tirania” do relógio para entrada, saída e intervalo) e ainda penalidades como multas, advertências, suspensões, demissões, de acordo com a gravidade da “falta”.
                Na nova estrutura, o “olhar vigilante” sobressai de maneira decisiva. A organização do tempo e do espaço imposta na fábrica não é, porém, um fenômeno isolado. Nos séculos XVII e XVIII, formou-se a chamada “sociedade disciplinar”, com a criação de instituições fechadas, voltadas para o controle social, tais como prisões, orfanatos, reformatórios, asilos de miseráveis e “vagabundos”, hospícios, quartéis e escolas.
                Para saber mais: A escola institucionalizou-se de maneira mais complexa quando foram criados os internatos, com a exigência de separação por idades, graduação em anos e organização de currículos.
                Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar as
“disciplinas”. ?Muitos processos disciplinares existiam há muito tempo[..]. Mas as disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos XVII e XVIII formulas gerais de dominação. O momento históricos das disciplinas é o movimento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades ,nem tampouco aprofundar sua sujeição, mais a formação de uma relação que no mesmo Mecanismo o torna tanto mais obediente quanto mais útil, é inversamente A disciplina fabrica assim corpos “dóceis”
A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesma forças (em termos políticos de obediência.

Um comentário:

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